YONI
2013
Projecto em contexto de mestrado em teatro – interpretação/encenação (ESMAE-IPP)
Quando no seu espírito Eva soube que estava nua
Coseu folhas de figueira para si e para o homem.
Sempre estivera nua,
Mas nunca se importara com isso antes da maçã da ciência.
Soube-o no seu espírito, e coseu folhas de figueira.
E desde então as mulheres não pararam de coser.
Agora bordam, não para esconder, mas para adornar o figo aberto.
(...)
Pois quê, bom Deus! gritam as mulheres.
Muito tempo guardámos o nosso segredo.
Somos um figo maduro.
Deixa-nos abrir em afirmação.
Que fazer então quando todas as mulheres do mundo se abrirem na
sua afirmação?
Quando os figos abertos se não ocultarem?
Excerto de Figos de D.H: Lawrence mudado para português por Herberto Hélder
A menstruação quando na cidade passava
o ar. As raparigas respirando,
comendo figos -e a menstruação quando na cidade
corria o tempo pelo ar.
Eram cravos na neve. As raparigas
riam, gritavam -e as figueiras soprando de dentro
os figos, com seus pulmões de esponja
branca. E as raparigas
comiam cravos pelo ar.
E elas riam na neve e gritavam: era
o tempo da menstruação.
Herberto Helder (Excerto)
Uma reflexão sobre o feminino numa criação colectiva de quatro actrizes e duas cenógrafas centrada no ciclo menstrual e nas diferentes fases da vida da mulher: menarca, vida fértil, menopausa e envelhecimento.
Ficha Artística
Criação colectiva
Cenografia: Carolina Lyra e Inês Castro Pereira
Encenação e interpretação: Andreia Silva, Graça Ochoa, Rita Reis e Sara Pinto
Sob a orientação dos docentes
Hélder Maia (cenografia)
Claire Binyon e Inês Vicente (encenação e interpretação)