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OSMOSE

2018

No âmbito do Festival do Pico, realizámos uma residência artística na ilha do Pico em que, através do contacto íntimo com a montanha, entrecruzámos diversas linguagens artísticas (desenho, pintura, performance, vídeo, fotografia) com o objectivo de criar um objeto artístico final. Somos três artistas que se expressam e que usam meios distintos para comunicar, quisemos potencializar estas características e criar um projeto em que a identidade de cada uma dialogue, criando uma obra comum. 

© Vanessa Fernandes
© Vanessa Fernandes

A Natureza e o planeta estão a viver momentos de desafios naturais, que se reflectem nas montanhas. É fundamental “melhorar a qualidade de vida e sustentar ambientes saudáveis nas regiões de montanha do mundo”, aprendermos a relacionarmo-nos e gerarmos outras formas de contacto com a natureza e com a montanha que possibilitem um renascimento e uma nova simbiose. Contrariando a tendência de abandonar a montanha a que assistimos, proposemo-nos a habitar a montanha. Potenciando a osmose com a montanha, criando meios para transformar a nossa identidade como seres humanos em relação à Natureza. 

A palavra “osmose” significa o processo de movimentação da água entre diversos tipos de concentração de substâncias que podem ser dissolvidas. Usamo-la não só para simbolizar o cruzamento que faremos entre áreas artísticas distintas, como também, a osmose do nosso corpo com a montanha. Os monges budistas são simbólicos nesta relação de osmose com a montanha, porque retiravam-se da sociedade, viviam nas montanhas, para se purificarem e acreditavam que o contacto com a montanha lhes ofereceria uma comunhão com Deus, expressa através de pinturas a tinta da china, de haikus. 

© Vanessa Fernandes
© Vanessa Fernandes

Hoje em dia sentimos, muitas vezes, uma saudade do Silêncio, como se fosse um lugar que ficou muito longe. Um sítio íntimo onde já fomos felizes, mas do qual perdemos o rasto ou apenas visitámos de maneira fugaz. A comunhão com a montanha poderá trazer-nos, novamente essa simbiose que entretanto perdemos. No final, a montanha sonhará nos nossos sonhos. Regressamos ao que somos e sempre fomos, à nossa essência, como crianças. Podemos ser uma pedra, uma flor, uma nuvem, estabelecendo uma intimidade tão grande com a Natureza que dissolve os nossos corpos e almas numa unidade e viagem com o cosmos.

FICHA ARTÍSTICA

 

Criação Colectiva:

 

Graça Ochoa (Performer); Helena Mancelos (Artista visual) e Vanessa Fernades (Videógrafa)

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