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Cacofonia de memórias à memória do Zeca Afonso
2019

Performance instalação sonora

Criação colectiva: Bernardo Tello, Graça Ochoa e Inês Oliveira.
 
A convite da AJA - Associação José Afonso

© Samir Noorali

Quem ainda se recorda dos vinis do Zeca Afonso a soarem no pick up? 

 

Lembro-me das cassetes originais que o meu tio ouvia no rádio do carro. Assim, com uns dez anos, perdia-me nas paisagens quentes transmontanas ao som (roufenho) do Zeca Afonso. O tio de quando em quando comentava algo: “Já viste o que fizeram à Teresa Torga? Vencida numa fornalha” e eu ficava a pensar... Quem seria a Teresa Torga?

 

Para além da memória colectiva o que ainda reside na memória de cada um? Nos que conviveram de perto com ele? Nos que já nasceram depois da sua morte? Nos que ocasionalmente se cruzaram com ele na rua, nos cafés, por aí?...

 

Que histórias ainda pairam no ar?

Cacofonias de memórias à memória do Zeca Afonso (2019)
Cacofonias de memórias à memória do Zeca Afonso (2019)

Quando recebemos o convite da AJA ficámos entusiasmados com a ideia de procurar uma imagem de José Afonso que saísse fora da “versão oficial” amplamente conhecida pelo público e no imaginário de todo um povo.       

                                                                                             

Decidimos que uma forma de o fazer, seria recorrendo a memórias pessoais, nossas e de outros, ligadas à experiência directa ou indirecta com o Zeca e a sua obra.

Uma das coisas que descobrimos, ou relembrámos, é que José Afonso, acima de tudo, era um inventor. Conhecendo apenas 3 acordes e sem formação musical, compôs um dos maiores repertórios de música de intervenção portuguesa – e o seu legado é indiscutível.

Centrando-nos nesse aspecto de cariz inventivo, e inspirando-nos na sua obra e rasto pessoal e afectivo, acreditamos que, se  José Afonso fosse vivo, não teria preconceito em explorar as novas possibilidades que a tecnologia oferece hoje em dia à produção musical.

É sob essa premissa que apresentamos uma instalação sonora, habitada por palavras e pequenos gestos, em que, com toda a liberdade, nos apropriamos de fragmentos da obra e da memória de Zeca Afonso.

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